sexta-feira, 3 de abril de 2015

terça-feira, 1 de julho de 2014

Memórias da Educação Escolar em Angola


Confiram meu novo artigo recentemente publicado


NASCIMENTO,Washington Santos. Minha mãe me entregou nas mãos do professor para fazer de mim o que quisesse e pudesse: memórias da educação escolar em Angola. Revista HISTEDBR On-line, v. 55, p.231-249, 2014.

Este artigo tem por objetivo entender os impactos da educação formal no processo de colonização impetrado por Portugal em Angola no século XX. Para tanto, pretende-se discutir a história das missões cristãs, responsáveis pela educação formal, bem como analisar as memórias de alguns angolanos que freqüentaram as escolas missionárias como os militantes políticos e escritores Adriano Sebastião, Amélia de Fátima Cardoso, Raul David, Manuel Pacavira e Uanhenga Xitu. 

Clique aqui


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Tese - Gentes do Mato: "os novos assimilados" em Luanda (1926-1961)

Tese disponível on-line

Olá amigos, para quem se interessar minha tese já está disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. 

O link está aí embaixo.

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-15012014-104601/pt-br.php


Tese de Doutorado
Documento
Autor
Nome completo
Washington Santos Nascimento
E-mail
Unidade da USP
Área do Conhecimento
Data de Defesa
Imprenta
São Paulo, 2013
Orientador
Banca examinadora
Hernandez, Leila Maria Gonçalves Leite (Presidente)
Barbosa, Muryatan Santana
Consorte, Josildeth Gomes
Glezer, Raquel
Macêdo, Tania Celestino de
Título em português
Gentes do mato: os "novos assimilados" em Luanda (1926-1961)
Palavras-chave em português
Assimilados
Elite letrada
Luanda
Universo rural
Resumo em português
Esta tese tem por objetivo compreender como pessoas da zona rural angolana utilizaram-se das possibilidades de ascensão social institucionalizadas pelo Estatuto do Indigenato (1926-1961) para constituir-se numa elite letrada, de origem rural, em Luanda. A tese a qual defendo é a de que, em decorrência da maior presença de portugueses e angolanos vindos do interior, acentuou-se, na capital de Angola, uma cisão entre a cidade, representada em grande parte pelos portugueses, mas também pela elite letrada crioula, e o mato, cujos expoentes que mais se expressaram em forma de entrevistas, depoimentos e obras literárias foram os novos assimilados. Para entender essa história, utilizaram-se como fonte central as memórias (e esquecimentos) de angolanos que viveram em Luanda entre os anos 1926 e 1961 e que obtiveram o estatuto de assimilados. Tais memórias foram entendidas à luz da teoria de Paul Ricoeur (2007), em uma relação dialógica entre o eu (memória individual), os próximos (memória compartilhada com sua geração) e os outros (memória coletiva, social, pública).
Título em inglês
People of the kill: the "new assimilated" in Luanda (1926-1961)
Palavras-chave em inglês
Assimilated
Learned elite
Luanda
Rural universe
Resumo em inglês
This thesis aims to understand how Angolan interior we used the reduced opportunities for social advancement created by the Statute of Indigenato (1926-1961) to constitute themselves as a literate elite, assimilated, country of origin, within the capital of the colony, Luanda. The thesis which I argue is that due to the increased presence of Portuguese and Angolans from inside, deepened, the capital of Angola, a split between the "city", represented largely by the Portuguese, but also by literate elite Creole, and "kill", whose exponents that best expressed in the form of interviews, testimonies and literary works were the "new assimilated." To understand this story we used as the central source memory (and forgetting) of Angolans in Luanda who lived between the years 1926 to 1961 and obtained the status of assimilates. Such memories were understood from Paul Ricoeur (2007), in a dialogical relationship between the self (individual memory), the next (memory shared with his generation) and others (collective memory, social, public) and are present in interviews, memoirs and literary works.
AVISO - A consulta a este documento fica condicionada na aceitação das seguintes condições de uso:
Este trabalho é somente para uso privado de atividades de pesquisa e ensino. Não é autorizada sua reprodução para quaisquer fins lucrativos. Esta reserva de direitos abrange a todos os dados do documento bem como seu conteúdo. Na utilização ou citação de partes do documento é obrigatório mencionar nome da pessoa autora do trabalho.
Data de Publicação
2014-01-15

sábado, 19 de outubro de 2013

Site da União dos Escritores Angolanos


O Site da União dos Escritores Angolanos está remodelado. 

http://www.ueangola.com/


Vale a pena navegar por ele.

Defesa da Tese "Gentes do Mato"

Prezados (as) é com muita alegria que convido a todos (as) para a defesa de minha tese de doutorado no programa de pós-graduação em História Social da Universidade de São Paulo (USP) que ocorrerá na próxima segunda-feira (07) às 14:30 horas na USP.
Um grande abraço em todos
Washington Nascimento

Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em História Social
Defesa da Tese:
Gentes do mato: os "novos assimilados" em Luanda (1926-1961)
Candidato: 
Washington Santos Nascimento
Nivel: 
Doutorado
Orientador: 
Profa. Dra. Leila Maria Gonçalves Leite Hernandez
Banca: 
Titulares:
Profs. Drs. Josildeth Gomes Consorte (PUC-SP), Tania Celestino de Macêdo (FFLCH - USP), Raquel Glezer (FFLCH - USP) e Muryatan Santana Barbosa (Externo),
Suplentes:
Profa Dra Selma Pantoja (UNB), Prof. Dra Patricia Teixeira Santos (UNIFESP) e Prof. Dra. Regiane Vechia (USP)
Data: 
07/10/2013 - 14:30
Local: 
Rua do Lago, 717, sala 118 CEP: 05508-080 - Cidade Universitária São Paulo - SP / Brasil
Sala: 
Salão Nobre(n° 145). Capacidade: 100 pessoas

sábado, 27 de abril de 2013

Angola proíbe operação de igrejas evangélicas do Brasil


27/04/2013 - 04h00

Angola proíbe operação de igrejas evangélicas do Brasil


PATRÍCIA CAMPOS MELLO

DE SÃO PAULO

O governo de Angola baniu a maioria das igrejas evangélicas brasileiras do país.

Segundo o governo, elas praticam "propaganda enganosa" e "se aproveitam das fragilidades do povo angolano", além de não terem reconhecimento do Estado.

"O que mais existe aqui em Angola são igrejas de origem brasileira, e isso é um problema, elas brincam com as fragilidades do povo angolano e fazem propaganda enganosa", disse à Folha Rui Falcão, secretário do birô político do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e porta-voz do partido, que está no poder desde a independência de Angola, em 1975.

Cerca de 15% da população angolana é evangélica, fatia que tem crescido, segundo o governo.

Em 31 de dezembro do ano passado, morreram 16 pessoas por asfixia e esmagamento durante um culto da Igreja Universal do Reino de Deus em Luanda. O culto reuniu 150 mil pessoas, muito acima da lotação permitida no estádio da Cidadela.
O mote do culto era "O Dia do Fim", e a igreja conclamava os fiéis a dar "um fim a todos os problemas que estão na sua vida: doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas."

O governo abriu uma investigação. Em fevereiro, a Universal e outras igrejas evangélicas brasileiras no país -- Mundial do Poder de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém-- foram fechadas.


Editoria de Arte/Folhapress



No dia 31 de março deste ano, o governo levantou a interdição da Universal, única reconhecida pelo Estado.

Mas a igreja só pode funcionar com fiscalização dos ministérios do Interior, Cultura, Direitos Humanos e Procuradoria Geral da Justiça. As outras igrejas brasileiras continuam proibidas por "falta de reconhecimento oficial do Estado angolano". Antes, elas funcionavam com autorização provisória.

As igrejas aguardam um reconhecimento para voltar a funcionar, mas muitas podem não recebê-lo. "Essas igrejas não obterão reconhecimento do Estado, principalmente as que são dissidências, e vão continuar impedidas de funcionar no país", disse Falcão. "Elas são apenas um negócio."

Segundo Falcão, a força das igrejas evangélicas brasileiras em Angola desperta preocupação. "Elas ficam a enganar as pessoas, é um negócio, isto está mais do que óbvio, ficam a vender milagres."

Em relação à Universal, a principal preocupação é a segurança, disse Falcão.

Link da noticia:

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Musica: "Muxima"

Um clássico do cancioneiro angolano "Muxima" na musica o pedido de alguém que, sendo acusado de feitiçaria, pede que o levem ao santuário da Muxima para provar que está inocente. Segundo a crença popular, os feiticeiros morrem ao entrar no santuário.

Interessante perceber as misturas religiosas, culturais e musicais neste musica. Divulgada pelo N Gola Ritmos aqui é cantada em quimbundo por Don Kikas e Tito Paris. Atabaques e violinos juntos. Interessantíssimo. 



Se o link não funcionar clique aqui ou aqui

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Conto "A Fronteira de Asfalto" de Luandino Vieira






“A menina das tranças loiras olhou para ele, sorriu e estendeu a mão.
… – Combinado?
- Combinado – Disse ele.
Riram os dois e continuaram a a andar, pisando as flores violeta que caiam das árvores.
- Neve cor de violeta – disse ele.
- Mas tu nunca viste neve…
- Pois não ,mas creio que cai assim…
- É branca, muito branca…
- Como tu!
e um sorriso triste aflorou medrosamente aos lábios dele.
- Ricardo! Também há neve cinzenta… cinzenta escura.
- Lembra-te da nossa combinação. Não mais…
- sim, não mais clara da tua cor. Mas quem falou primeiro fostes tu.
Ao chegarem a ponta do passeio ambos fizeram meia volta e vieram pelo mesmo caminho.
A menina tinha tranças loiras e laços vermelhos.
- Marina, lembras-te da nossa infância? – e voltou-se subitamente para ela.
Olhou-a nos olhos. A menina baixou olhar para a biqueira dos sapatos pretos e disse:
- Quando tu fazias carros com rodas de patins e me empurravas a volta do bairro?
- Sim lembro-me…
A pergunta que o persegui há meses saiu, finalmente.
- e tu achas que esta tudo como então? Como quando brincavamos a barra do lenço ou as escondidas? Quando eu era o teu amigo Ricardo, um pretinho muito limpo e educado, no dizer da tua mãe? Achas…
E com as própria palavras ia-se excitando. Os olhos brilhavam e o cérebro ficava vazio, porque tudo o que acumulara saía numa torrente de palavras.
-… que eu posso continuar a ser teu amigo…
- Ricardo!
- que a minha presença na tua casa…no quintal da tua casa, poucas vezes dentro dela ! não estragará os planos da tua família a respeito das tuas relações…
Estava a ser cruel. Os olhos azuis de Marina não lhe diziam nada. Mas estava a ser cruel.
O som da própria voz fê-lo ver isso. Calou-se subitamente.
- Desculpa – disse por fim.
Virou os olhos para o seu mundo. Do outro la da rua asfalatada não havia passeio. Nem árvores de flores violeta. A terra era vermelha. Piteiras. Casas de pau-a-pique a sombra de mulembas. As ruas de areia eram sinuosas. Uma ténue nuvem de poeira que o vento levantava cobria tudo. A casa dele ficava ao fundo. Via-se do sítio donde estava. Amarela. Duas portas, três janelas. Um cercado de aduelas e arcos de barril.
- Ricardo – disse a menina das tranças loiras – tu dissetes isso para quê? Alguma vez te disse que não era tua amiga? Alguma vez que se te abandonei ? Nem os comentários da minhas colegas, nem os conselhos velados dos professores, nem a família que se tem voltado contra mim…
- Está bem. Desculpa. sabes, isto fica dentro de nós. Tem de sair em qualquer altura.
E lembrava-se do tempo em que não havia perguntas, respostas, explicações. Quando ainda não havia a fronteira de asfalto.
- Bons tempos – encontrou-se a dizer.
- A minha mãe era a tua lavadeira. Eu era o filho da lavadeira. Servia de palhaço a menina Nina. A menina Nina dos caracóis loiros. Não era assim que te chamavam? – Gritou ele.
Marina fugiu para casa. Ele ficou com os olhos marejados, as mãos ferozmente fechadas e as flores violeta caindo-lhe na carapinha negra.
Depois, com passos dicididos, atravessou a rua, pisando com raiva a areia vermelha e sumiu no emaranhado do seu mundo. Para trás ficava a ilusão.
Marina viu-o afastar-se. Amigos desde pequenos. Ele era o filho da lavadeira que distraía a menina Nina. Depois a escola. ambos na mesma escola ,na mesma classe. A grande amizade a nascer.
Fugiu para o quarto.Bateu com a porta. Em volta o aspecto luminoso, sorridente, o ar feliz, o calor suave das paredes cor-de-rosa.          E lá estava sobre a mesa de estudo «… Marina e Ricardo – amigos para sempre». Os pedaços da fotografia voaram e estenderam-se pelo chão. Atirou-se para cima da cama e ficou de costas a olhar o tecto. Era ainda o mesmo candeeiro. Desenhos de Walt Disney. Os desenhos iam-se diluindo nos olhos marejados. E tudo se cobriu de névoa. Ricardo brincava com ela. Ela corria feliz, o vestido pelos joelhos, e os caracóis loiros brilhavam. Ricardo tinha uns olhos grandes. E subitamente ficou a pensar no mundo para lá da rua asfaltada. E reviu as casas de pau-a pique onde viviam famílias numerosas. Num quarto como o dela dormiam os quatro irmãos de Ricardo…Porquê? Porque é que ela não podia continuar a ser amiga dele, como fora em criança? Porque é que agora era diferente?
- Marina, preciso falar-te.
A mãe entrara e acariciava os cabelos loiros da filha.
- Marina, já não és nenhuma criança para que não compreendas que a tua amizade por esse… teu amigo Ricardo não pode continuar. Isso é muito bonito em criança. Duas crianças. Mas agora … um preto é um preto…
As minhas amigas todas falam da minha nigligência na tua educação. Que te deixei…Bem sabes que não é por mim!
- Está bem, eu faço o que tu quiseres. Mas agora deixa-me só.
O coração vazio. Ricardo não era mais que uma recordação longínqua. Uma recordação ligada a uns pedaços de fotografia que voavam pelo pavimento.
- Deixas de ir com ele para o liceu, de vires com ele do liceu, de estudares com ele…
- Está bem mãe.
E virou a cabeça para a janela. Ao longe percebia-se a mancha escura das casas de zinco e das mulembas. Isso trouxe-lhe novamente Ricardo. Virou-se subitamente para a mãe. Os olhos brilhantes, os lábios arrogantemente apertados.
- Está bem , está bem, ouviu? – gritou ela.
Depois megulhando a cara na colcha chorou.
Na noite de luar, Ricardo, debaixo da mulemba, recordava. Os giroflés e a barra do lenço. Os carros de patins. E sentiu necessidade imperiosa de falar-lhe. Acostumara-se demasiado a ela. Todos aqueles anos de camaradagem, de estudo em comum.
Deu por si a atravessar a fronteira. Os sapatos de borracha rangiam no asfalto. A lua punha uma cor crua em tudo. Luz na janela. saltou o pequeno muro. Folhas secas rangeram debaixo dos seus pés. O “Toni” rosnou na casota. Avançou devagar até a varanda, subiu o rodapé e bateu com cuidado.
- Quem é? – a voz de Marina veio de dentro, íntima e assustada.
- Ricardo!
- Ricardo? Que queres?
- Falar contigo.Quero que me expliques o que se passa.
- Não posso. Estou a estudar. Vai-te embora. amanhã na paragem do maximbombo. Vou mais cedo…
- Não. Precisa de ser hoje. Preciso de saber tudo já.
De dentro veio a resposta muda de Marina. A luz apagou-se. Ouvia-se chorar no escuro. Ricardo voltou-se lentamente. Passou as mãos nervosas pelo cabelo. E, subitamente o facho da lanterna do polícia caqui bateu-lhe na cara.
- Alto aí! O qu’ é que estás a fazer?
Ricardo sentiu medo. O medo do negro pelo polícia. Dum salto atingiu o quintal.
as folhas secas cederam e ele escorregou. O “Toni” ladrou.
Ricardo levantou-se e correu para o muro.O polícia correu também. Ricardo saltou.
- Pára, pára! – gritou o polícia.
Ricardo não parou. Saltou o muro. Bateu no passeio com a violência abafada pelos sapatos de borracha.

Mas os pés escorregaram quando fazia o salto para atravessar a rua. Caiu e a cabeça bateu violentamente de encontro a aresta do passeio.
Luzes acenderam-se em todas as janelas. O “Toni” ladrava. Na noite ficou o grito loiro da menina de tranças.
Estava um luar azul de aço. A lua cruel mostrava-se bem. De pé o polícia caqui desnudava com a luz da lanterna o corpo caído. Ricardo , estendido do lado de cá da fronteira , sobre as flores violeta das árvores do passeio.
Ao fundo, cajueiros curvados sobre casas de pau-a-pique estendem a sombra retorcida na sua direcção.”

Fonte: VIEIRA, Luandino. A fronteira do asfalto. In: VIEIRA, Luandino. A cidade e a infância. São Paulo. Companhia das Letras, 2007

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sobre Predadores e Bilionarios

A literatura sempre ajudando a gente a entender um pouco o mundo em que vivemos. Uma notícia de 2008 e outra de 2013

"Predadores", de Pepetela

01/07/2008 - 18h16 da Folha Online


Como se estivéssemos diante de um retrato contundente e brutal dos últimos 30 anos na Angola. É com essa impressão que o leitor deve ficar assim que concluir o livro de Pepetela, "Predadores" (Língua Geral, 2008).
Reprodução
Capa do novo livro do angolano Pepetela no Brasil, "Predadores"
Capa do novo livro do angolano Pepetela no Brasil, "Predadores"
Tomando como ponto de partida o ano de 1974, um antes da Independência, o autor esquadrinha a sociedade angolana nesse período de transição com um certo tom de desencanto, mais do que a simples decepção ou o inconformismo sem efeito prático.

A experiência de Pepetela como guerrilheiro, como representante do Movimento Popular de Libertação da Angola (MPLA) e finalmente como vice-ministro da Educação, logo quando o seu país atingiu a independência, serviram de base para expor a seco o seu meio --de dentro, como uma personagem sendo guiada pela narração histórica que ora a faz recuar diante dos acontecimentos, boa parte deles conduzido pela esfera burocrática que começava a surgir, ora faz com que avance na direção de um combate militante.

Seu estilo simples e direto do relato faz lembrar a escola de Jorge Amado, homenageado de 2006. As temáticas são as mesmas, as trajetórias de seus personagens tocam pontos comuns [a paixão, o poder, o patriarcado, o dinheiro como força motriz e destruidora], e ambos seguem certa linha do engajamento formal na literatura.

Guardadas as proporções com o autor brasileiro, "Predadores" foi e é grande sucesso de vendas em Portugal, atingindo a cristalização de uma literatura de expressão africana.
Como as personagens de Amado, as figuras traçadas na ficção de Pepetela representam desdobramentos de uma sociedade heterogênea e em constante conflito de auto-aceitação; é o processo de independência figurada no cotidiano e na relação entre as classes.

No caso de "Predadores", o autor acompanha a trajetória de Vladimiro Caposso, o burguês que se formou a partir da independência de seu país. Suas andanças pelo sistema agrário de Angola, comércio, burguesia e, enfim, pela política de seu país, espelham a constituição de uma nova nação, construída a partir dos cacos resgatados pouco a pouco de seu solo mais fértil: a própria história.

Caposso, nascido José, de origem humilde e inicialmente avesso à política, foi capaz de modificar toda a sua vida, inventar um passado, e até um novo nome, para ter então acesso a um grau da escala social outrora inacessível. Microcosmo da recém independência de seu país, Pepetela e sua personagem Caposso (José) mostra os meios lícitos e ilícitos utilizados para conquistar o que se deseja, fora da vontade coletiva.

A representação da independência de um país, não mais como conquista e orgulho, mas como profundo desencanto.







Filha do presidente de Angola é a 1ª bilionária da África, diz revista

25/01/2013 Do UOL, em São Paulo



  • Divulgação
A filha mais velha do presidente de Angola, Isabel dos Santos, é a 1º mulher bilionária da África, segundo reportagem da revista 'Forbes'.
A empresária de 40 anos se formou em engenharia em uma das universidades mais conceituadas do mundo,Cambridge, na Inglaterra.
Isabel entrou no mundo dos negócios em 1997, quando abriu um restaurante em Luanda (capital de Angola), chamado Miami Beach.
Segundo a 'Forbes', a empresária possui participações em três empresas cotadas na Bolsa de Valores em Portugal: Zon (tecnologia), BPI e BIC (bancos).
No país e no exterior, a empresária é acusada de ser favorecida pelo governo administrado pelo pai, o presidente José Eduardo dos Santos.
Em sua defesa, Isabel afirma que "os investimentos têm sido feitos com máxima transparência, em empresas publicamente cotadas, com base na legislação europeia".



domingo, 27 de janeiro de 2013

O Islão na África Subsariana: Actas do 6º Colóquio Internacional Estados, Poderes e Identidades na África Subsariana

                                               
                                                                    Clique na imagem ou aqui 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Evento: "Africa Communicating: digital technologies, representations, power"




Dear colleagues,

The next annual conference of the Canadian Association of African Studies /
Association canadienne des études africaines (CAAS/ACEA), will be held at
Carleton University, Ottawa, Canada, from May 1-3, 2013. For this conference,
the Angola Group based at York University, Toronto, Canada, is planning a
number of interdisciplinary panels focused on the Angolan past. We hope to be
able to count upon your participation in this event.

In addition, and given the relative proximity of Ottawa, the Angolan Group at
York University will be holding a workshop on the Angolan past from May 6-10,
2013, at the Harriet Tubman Institute, York University, Toronto. This workshop
will see participants (hopefully those going to the Ottawa conference) discuss
their respective research projects/papers, followed by visits to the Royal
Ontario Museum and the United Church of Canada Archive, both of
which hold important collections of Angolan documents and artifacts.

Should you be interested in participating in the Angolan panels for CAAS/ECEA
conference and/or the York-Tubman workshop please send me a paper title and
abstract (maximum 250 words) in English or French by January 25, 2013. Please
let me know whether you will be able to participate in the CAAS/ECEA conference
and the York-Tubman workshop, or just one of these activities.

NB: Prospective participants are responsible for securing their own funding to
attend the CAAS/ECEA conference and the York-Tubman workshop. Paper
presentations for the CAAS/ECEA conference must be in English or French. For
the York workshop, presentations can be made in English, French or Portuguese.

For further information on CAAS/ECEA 2013 @ Carleton, please visit the link
below or see the call for paper attached to this message:


With best wishes,

Vanessa S. Oliveira


domingo, 13 de janeiro de 2013

Entrevistas: Luandino Vieira



Entrevista a Revista Publico. Clique aqui ou aqui

Referência: COELHO, Alexandra Lucas, “Os Anos de Cadeia Foram Muito Bons para Mim”, Público, 1 de Maio de 2009



Arte: Antonio Ole, artista plastico angolano



 António Ole nasceu em Luanda, Angola, em 1951. Estudou Cultura Afro-Americana na Universidade de Califórnia e é diplomado pelo Center for Advance Film Studies do American Institute. Trabalhou na televisão de Angola como realizador de programas. Realizou exposições em Angola, África do Sul, Brasil, Cuba, Espanha, EUA, Escócia, Portugal, Suécia e Zimbabwé.

Saiba mais sobre este artista angolano clicando aqui para ver um relato sobre suas obras

Uma entrevista dele pode ser conferida aqui

Livro: "Sociedade, Estado: sociedade civil, cidadão e identidade em Angola" de Arlindo Barbeitos



 O autor defende a emersão de uma sociedade civil mais forte e capaz de actuar, também, como sociedade politica, a transferência da questão identitária para a esfera privada e questiona o Estado jacobino, autoritário e rigidamente unitário como um único paradigma possivel em Angola. 

Saiba Mais clique aqui ou aqui

Imagens: Palácio Dona Ana Joaquina, Luanda



Palácio D. Ana Joaquina, onde funciona atualmente o Tribunal Provincial de Luanda Juizos Criminais, situado no bairro dos Coqueiros no centro de Luanda. Angola – África
Fonte:  http://www.facebook.com/photo.php?fbid=509159135767488&set=t.100002369204620&type=3&theater

Livros: "Relação de Autores Angolanos" de Tomás Lima Coelho


Uma boa relação de autores angolanos organizado por Tomás Lima Coelho.

Livro: "Poeticidade no discurso prosaico de Wanyenga Xitu" de Akiz Neto


“Poeticidade no Discurso Prosaico de Uanhenga Xitu”,
do escritor Akiz Neto, de modo original, percorrer opções temáticas e estilísticas do escritor Uanhenga Xitu. Ambos são cultivadores da palavra literária, que, mais do que pretexto, se faz constantemente presente nas dinâmicas da análise literária posta em cena. »

Mais informações clique aqui ou aqui





Musica: André Mingas







Se não acessar clique aqui

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Artigos: Revista Angolana de Sociologia


Revista Angolana de Sociologia
ISSN 1646-9860
Editada em Luanda, pela Sociedade Angolana de Sociologia,
em parceria com as Edições Pedago (Mangualde, Portugal)
Nº 12 - Dezembro de 2013
Tema central: Juventude e conflito de gerações
Podem ser enviados artigos sobre o tema central ou outras temáticas relacionadas com as Ciências Sociais (sobre Angola ou não).
Prazo para envio de artigos e recensões para o nº 12 da RAS:  31 de Maio de 2013
Normas editoriais em anexo
(contam a ordem de chegada e a temática dos artigos)
Encomendas da revista: edicoes-pedago@pedago.pt

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Artigo: "História da Colonização" - Jill Dias


História da Colonização - Jill Dias. Um bom balanço historiográfico de finais da década de 80. Algumas obras ainda são bastantes citadas.

Clique aqui 

Artigos e Livro sobre diferentes dimensões de Angola dos séculos XV ao XIX


* É só clicar sobre o nome dos textos que o mesmo se abrirá


Artigos:

Resistência à escravidão na África: O caso dos escravos fugitivos recapturados em Angola, 1846-1876 (José C. Curto)

“Ilhas Crioulas”: o significado plural da mestiçagem cultural na África Atlântica (Roquinaldo Ferreira)

A dinâmica demográfica de Luanda no contexto do tráfico de escravos do Atlântico Sul, 1781-1844 (José C. Curto e Raymond R. Gervais)

O Atlântico escravista: açúcar, escravos e engenhos (Joseph C. Miller)

A carreira de Francisco Félix de Souza na África Ocidental, 1800-1849 (Robin Law)

Identidade e a miragem da etnicidade: a jornada de Mahommah Gardo Baquaqua para as Américas (Paul E. Lovejoy)


Livro:


Nova História da expansão portuguesa: O Império Africano (Valentim Alexandre e Jill Dias)

Evento: Escritor angolano lança romance “Noites de vigília”, no Memorial da América Latina em São Paulo



O Memorial da América Latina recebe, em 2013, o grande escritor angolano Boaventura Cardoso, para o lançamento de seu mais novo romance, “Noites de Vigília”. O evento que acontecerá 16 de janeiro, na Biblioteca Latino-americana Victor Civita,  é promovido pelo Centro de Estudos Africanos e pelo Programa de Pós Graduação de Estudos Comparados de Literaturas de  Língua Portuguesa, da USP.
Na ocasião, a Profª. Ms. Sueli Saraiva, pesquisadora de literaturas africanas e doutoranda em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, na Universidade de São Paulo, fará uma breve apresentação do romance. Na mesma noite também será lançado o estudo “Boaventura Cardoso, Mia Couto e a experiência do tempo no romance africano”, de Sueli Saraiva, pela Editora Terceira Margem.
Boaventura Cardoso é um dos representantes da literatura angolana contemporânea, ao lado de nomes como Luandino Vieira, Pepetela, Ruy Duarte de Carvalho e Ondjaki. Formado em ciências sociais pela Pontificia Università San Tommaso d’Aquino, de Roma, após a independência política de seu país exerceu importantes cargos administrativos e parlamentares: foi embaixador junto aos organismos das Nações Unidas sediados em Roma (FAO, PAM e FIDA); Ministro da Cultura; Governador da Província de Malanje, e é atualmente Deputado da Assembleia Nacional de Angola.
Sua carreira literária teve início no final da década de 1960 com a publicação de vários contos e poemas em jornais luandenses. É autor dos livros de conto “Dizanga Dia Muenhu”, “O fogo da fala”, “A morte do velho Kipacaça” e dos romances “O signo do fogo”, “Maio, mês de Maria”, “Mãe, materno mar”, ao qual foi atribuído o Prêmio Nacional de Cultura e Artes (2001), na categoria Literatura.
Seu quarto romance, “Noites de Vigília”, lançado no Brasil, pela Editora Terceira Margem, tem a sua ação principal centrada nos eventos ocorridos em Angola entre as históricas datas de 25 de abril de 1974, com a queda do regime fascista em Portugal, e 11 de novembro de 1975, data da independência de Angola. O escritor mais uma vez promove em sua criação ficcional uma necessária reflexão crítica sobre a sociedade angolana em seus percursos sóciopolíticos.
Serviço:
Lançamento do romance “Noites de vigília”, de Boaventura Cardoso
16 de Janeiro – quarta-feira, às 19h.
Local: Biblioteca Latino-americana Victor Civita
Mais informações: – (11) 3105-5750.



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Artigo: "Evangelização e poder na região do Congo e Angola" de Marina de Mello e Souza


Evangelização e poder na região do Congo e Angola: 
a incorporação dos crucifixos por alguns chefes centro-africanos, 
séculos XVI e XVI

Marina de Mello e Souza

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Abaixo uma das imagens analisadas pela autora


domingo, 30 de dezembro de 2012

Musica: "Manazinha" de N'Gola Ritmos


Por tudo que representou na cultura Angolana o grupo N'Gola Ritmos pode ser considerados um dos principais nomes da musica Angolana, seu prestigio e sucesso atravessaram o continente,mesmo durante o período colonial. No video é possivel ver uma apresentação do grupo em Portugal na RTP TV em 1964, onde cantaram a musica Manazinha.

Instrumentos europeus, se misturavam com instrumentos africanos, além de Português cantavam em Quimbundo. 

Livro: "Floresta de Símbolos" de Victor Turner




O livro enfoca vários aspectos rituais do povo Ndembu no noroeste da Zâmbia, no centro-sul da África. Análises do simbolismo, bruxaria, ritos, circuncisão, curandeirismo e práticas curativas são desenvolvidas nesta obra, única do autor traduzida no Brasil. 


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Artigo: "Escrever o poder os autos de vassalagem e a vulgarização da escrita entre as elites africanas Ndembu" de Catarina Santos




Dignitários Ndembu tinham secretários que asseguravam o arquivo dos documentos
Fotografia: Arquivo Nacional de Angola




Resumo do artigo de Catarina Santos:

Em trabalhos recentes foi posta em evidência a importância do uso da escrita
para a construção da história de Angola, por meio do exemplo exuberante dos
Estados Ndembu. Sem abandonar os problemas associados à escrita, procuramos centrar-nos na segunda metade do século XVIII e primeiras décadas do
XIX, para dar conta de uma articulação entre política colonial e  sedimentação
de uma linguagem burocrática que estrutura as relações entre poderes constituídos e reconhecidos entre si. Burocracias coloniais e burocracias africanas,
rotas burocráticas assentes numa retórica fina, dão-se a conhecer em documentação que cobre uma área geográfica vasta (governos de Angola e
Benguela) e uma hierarquia institucional ampla (desde o Conselho Ultramarino
aos documentos dos sobados, passando pelos capitães-mores dos presídios).

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