sexta-feira, 6 de julho de 2012

Modernidade, desenvolvimento e riscos no tempo de paz em Cabinda - Angola



Sugestão de leitura:


NO FÚTILA, NO MAYOMBE: 
modernidade, desenvolvimento e riscos no 
tempo de paz em Cabinda - Angola

JULIANA LANDO CANGA BUZA

Link: 



Resumo:

Neste estudo coloca-se como questão as relações contraditórias de integração entre duas 
localidades de Cabinda, província de Angola, com as atividades de exploração de recursos 
naturais, como petróleo e madeira: a aldeia de Fútila, nas proximidades do Campo do 
Malongo, onde se concentram as atividades petrolíferas sob a direção da Chevron-Texaco e a
vila de Buco Zau, imersa em território contíguo à Reserva Florestal do Mayombe. Como eixo 
conceitual priorizou-se a modernidade, o desenvolvimento e o risco; como contexto mais 
geral, a Reconstrução de Angola após estabelecidos os Acordos de Paz em 2002, quando se 
percebe, em termos de concepção do desenvolvimento e da modernização, o estímulo a uma 
economia dirigida pelos interesses da exportação de bens primários como petróleo e madeira, 
apesar do forte apelo ao chamado desenvolvimento sustentável. Situando a constituição de 
Angola enquanto país integrado ao processo de modernidade, desde colônia portuguesa até a 
superação dos trinta anos de Guerra Civil, iniciados após a conquista da independência em 
1975, procurou-se refletir sobre o significado, para populações mais diretamente atingidas por 
empreendimentos exportadores, da adoção do modelo de desenvolvimento sinônimo de 
crescimento econômico nas ações governamentais pela reconstrução do país. Atingidas muito 
mais na exclusão, procurou-se aqui evidenciar de que maneira se promove a vida, se resiste 
em meio à opulência, efetivamente se esforçam essas populações para superar os 
constrangimentos a elas impostos, de ordem cultural, social e político, assim como ambiental, 
relacionados às atividades de exploração dos recursos naturais. De outro lado, objetivou-se 
também perceber o significado das exigências ambientais em estratégias de legitimação 
empreendidas nas atividades de exploração dos recursos naturais, com vistas a mitigar os 
efeitos desfavoráveis no meio social e ambiental que as envolve. Em conclusão, apresenta-se 
incontestavelmente a face desintegradora de modos de vida locais, baseados na pesca, 
pequena agricultura e coleta, sob o risco imposto pelas atividades exportadoras, sem, no 
entanto, oportunizar ainda a integração do ponto de vista do desenvolvimento como liberdade 
substantiva, isto é, no sentido de propiciar a estas populações condições de vida digna, de 
operar estratégias inclusive políticas de reconhecimento coletivo e de valorização de outras 
racionalidades mais adequadas a uma reapropriação social da natureza.

Palavras-chave: Recursos Naturais, Desenvolvimento, Modernidade, Saberes e Práticas 
tradicionais

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